Como prometido (última parte)

Ora agora chegou a vez de falar da peste mais nova da minha família canina, a minha maninha como lhe chamo.
Esta peste, porque não há outra palavra para a descrever, é uma cadela sem raça especifica, é uma mistura, é filha de um pinscher (o Simão) e de uma rafeira ( a Canina, a cadela mais nova da minha avó).
Veio cá para casa porque a Canina teve bebés, um cão e uma cadela, a minha avó só conseguiu dar o cão e a cadela acabou por ficar sem dono, o meu pai decidiu ficar com ela e trouxe-a para casa, a minha mãe ao inicio não achou grande piada à situação, já tínhamos o Rambo e o Noky e depois ao vir uma cadela ela poderia ficar prenha e depois era sempre uma grande confusão para arranjar donos para os bebes.
Mas esta cadelinha começou a afeiçoar-se a toda a família, ao inicio era muito quieta e dorminhoca, mas depois, uii… Começou a ser super curiosa e andava pela casa toda a destruir tudo o que lhe aparecia à frente: os meus peluches, os chinelos da minha irmã, as flores da minha mãe, a escavar no quintal, enfim, uma grande destruidora de lares. A pergunta era: Como é que uma coisa tão pequena consegue ser tão má?
A parte mais engraçada quando ela ainda era pequenina foi dar-lhe um nome, todos tinham um nome em mente mas ninguém estava de acordo com os nomes, eu queria que ela se chamasse Ruby ou Maddie, mas ninguém quis, foi então que disse que ela se iria chamar Minie e todos concordaram.
A Minie desde cedo criou uma boa ligação com todas as pessoas da família, sempre muito brincalhona e sociável, nunca estava sossegada por mais de 5 minutos a não ser que estivesse a dormir.
Foi então que quando os meus pais se divorciaram que vim viver com a minha mãe para uma nova casa e trouxemos a Minie e o Rambo connosco. Nunca pensámos que algum dia fossem acasalar, mas sim, aconteceu, a Minie ficou prenha e o Rambo ia ser pai, ficámos ao inicio preocupadas, mas depois acabámos por ficar super felizes.

Mas nem tudo era um mar de rosas, todos os dias de manhã eu ia passear com o Rambo e a Minie ao fundo da rua para um sítio com terra do outro lado da linha para que pudessem passear e fazer as necessidades e à noite o mesmo acontecia, mas ia com a minha mãe. Um dia à noite a Minie foi atacada por uma pit-bull de um vizinho, foi horrível, a minha mãe conseguiu fazer com que a pit bull parasse de atacar a Minie e com que ela fugisse para casa, com todos os gritos que demos veio uma vizinha ajudar com um pau e Minie conseguir fugir. Entretanto apareceu o dono da pit bull que pediu desculpa e levou-a para casa, a minha mãe decidiu não fazer queixa à GNR porque pronto, ninguém teve culpa do que aconteceu. Ficámos preocupadas com a Minie e os bebés dela, mas vimos que ela estava bem e ficámos descansadas.
A 5 de Julho os bebés nasceram, 5 machos, nunca tinha visto um nascimento de cachorros e fiquei super aflita, durante todo o tempo do parto da Minie fizemos-lhe festinhas para ela não ficar assustada nem nada e pronto, nasceram todos saudáveis.
Uma semana depois dos nascimentos dos pequenos, nem tanto, a Minie foi atacada de novo pela mesma Pit-bull, de manhã com imensa gente a ver e ninguém fez nada, foi aqui que deu para ver que ninguém nos ajudou a salvar a nossa cadela e fiquei com o feeling que se fosse uma de nós ninguém faria nada, a minha mãe também ficou com mordidelas e arranhões. Desta vez o ataque foi muito pior e a Minie teve de ir a veterinária e tudo porque ficou com “furos” dos dentes da outra cadela na barriga mesmo pertinho das maminhas e ficamos preocupadas se isto traria problemas para a amamentação dos bebes. Desta vez uma vizinha acabou por chamar a GNR porque já era a segunda vez que a Minie era atacada e sinceramente poderia ter sido uma pessoa ou uma criança, a cadela andava solta na rua quase todos os dias e não tinha açaime nem nada, este tipo de cães( raça pontencialmente perigosa) precisa de usar açaimes e trela curta na rua para passear.

Não, não tenho nada contra cães perigosos, eles no fundo não são perigosos mas sim os donos que não lhes dão educação, e como são cães mais fortes (pesam em media 50kg) ao atacarem magoam muito mais do que um cão de 10kg. Esta cadela acabou por ser levada para o canil, mas pelo que sei já cá esta de novo.
A Minie acabou por recuperar e os cães cresceram saudáveis e arranjámos logo dono para todos. O Robin (o mais velho e castanho), foi para o meu tio João, o Richie(o segundo a nascer, o loirinho) ficou com o meu pai e o mais novo, o Black ficou com a minha irmã. Hoje são todos saudáveis, excepto o Robin que tem uma hérnia.
Com medo que a Minie voltasse a ser atacada de novo, acabámos por decidir que era melhor ela ir viver com o meu pai, lá estava mais a vontade, tem um jardim grande para brincar e não nos temos de preocupar com ataques nem nada do género.
Hoje me dia temos imensas saudades dela, mas como vou todas as semanas a casa do meu pai mato as saudades dela e ela de mim.
Continua a ser aquela criatura insuportável e que não consegue estar quieta, mas após o nascimento dos pequenos tornou-se mais mimosa.
Tenho saudades dela, mas foi o melhor para ela, agora vive mais livre e sem medos, mas mesmo um ano depois dos ataques tem medo de cães de grande porte e foge deles, ficou cá o trauma e as marcas no corpo.
Mas sei que ela está feliz e isso também me deixa feliz 
Uma das coisas que a torna única é os dentes de baixo todos de fora, parecendo por isso que está sempre a sorrir :)

Adoro-te feiaaa :)